quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Natal

Acabou que no lugar da caminhada de ontem, teve shopping e jantar no restaurante que mais gosto (Trovatore, tem no Shopping Itaú e no Pátio Savassi). Corremos pra comprar uns presentinhos, já que amanhã começa a novena de Natal e aí lascou, ficamos sem tempo pra mais nada à noite.

Adoooro Natal. Gosto do clima de animação e alegria que toma conta das pessoas. Gosto da família reunida, do amigo oculto, das festas, dos presentes e da solidariedade (mesmo que seja só no Natal, é melhor do que nada).


Vou passar o Natal em Patos de Minas, na casa da vovó, como sempre. É tradição e não podemos faltar.

Era muito melhor até 2 anos atrás, quando vovô ainda estava entre nós e comandava o amigo oculto e a festança na casa dele. Agora vovó envelheceu 20 anos em apenas 2. Porque será que isso acontece? Acho que ela está ficando doente de tanta tristeza.

Ela recebe com frequência a visita de 14 filhos, 15 genros e noras, 37 netos, 5 bisnetos, mais os namorados (as) dos netos (uns 20), mais vizinhos, amigos dessa familia "pequena", irmãos, papagaio, cachorro etc e reclama de solidão. Diz que tá muito sozinha. Imagina só se realmente ela fosse sozinha...

Isso é a falta do vô, que não tomava banho todo dia, que reclamava das contas, que ficava regrando o dinheiro dela, que ficava fazendo cruzadinha e jogando paciência o dia todo, que pegava um pedaço de carne na panela escondido e ia beber uma pinga no bar do Zé, e que chamava a minha mãe pra beber cerveja com ele, e até pagava quando ela ia.

Ele que ficava horas e horas me mostrando seus joguinhos, suas coleções de chaveiro, moeda, cigarro e um monte de quinquilharias e eu amava tanto isso tudo.

Ai, que saudade dele.

O Natal agora fica faltando alguma coisa. Ficou um vazio...


Ficamos na casa dele nos seus últimos dias, e era tão lindo o carinho, o amor e a cumplicidade dos dois após cinquenta e tantos anos de casados.

Então eu e Fabricio decidimos que vamos ser assim "quando crescer"... (igualzinho a eles).


Então fico pensando na solidão da vó, não há mais nada que possamos fazer. Ela queria ele de volta, mas não tem jeito.

A nossa presença não substitui em nadinha a falta que ele faz.

Ai, nem ia falar sobre isso, mas fui lembrando de tanta coisa boa...

Uma de suas brincadeiras era pegar o baralho, ordenar as cartas direitinho e ir virando uma a uma, falando os versinhos rimados (decoradíssimos!) abaixo:


Num Domingo eu fui à missa cumprir com minha obrigação
Como eu não tinha um livro de reza, levei um baralho na mão.

Quando eu entrei na Igreja com aquele baralho levado
Notei que perto de mim havia um Sargento ajoelhado.

Me deu logo voz de prisão e disse que eu estava intimado
E então com a polícia, da Igreja eu saí escoltado.

Na rua por onde passava o povo ficava me olhando
Curioso pelo motivo que um baralho eu ia levando.

Quando chegamos na Delegacia, na presença do Doutor
Ele logo disse pra mim que eu era um pecador
Pois sabe-se que na Igreja não é lugar de jogador.

O Doutor olhou pra mim e começou a me interrogar:
“Se no baralho tem devoção, o senhor poderia me explicar?”
“Pois bem Doutor, eu vou cortar”

“É que quando eu corto um Ás, que tem uma pinta somente,
me lembro de Jesus Cristo, único Deus onipotente,
que quando chamo por Ele é certo que está presente.”

“Quando eu corto um 2, nessa hora lembro eu,
que em duas tábuas de pedra o Criador escreveu,
e que do meio de uma multidão Moisés apareceu.”

“Quando eu pego num 3, é sempre com muita sinceridade,
lembro das três pessoas da Santíssima Trindade,
que é Pai, Filho e Espírito Santo num só Deus de verdade.”

“Quando corto num 4, um quatro de paus cruzados,
me lembro que com quatro cravos Jesus foi cravejado,
e que derramou Seu Sangue Santo para nos salvar do pecado.”

“Quando corto num 5, aquele cinco de dor,
me lembro das cinco chagas que sofreu Nosso Senhor,
derramando Seu Sangue Santo pra salvar o pecador.”

“Quando pego um 6, me vem logo a recordação,
dos seis dias da semana da Divina Criação,
quando Deus fez o mundo sem nada por a mão”

“Quando corto um 7, é uma hora triste e amargurada,
me lembro dos sete passos daquela paixão sagrada,
das sete espadas de dor que Jesus foi machucado.”

“Quando corto num 8, que oito pintas contém,
me lembro que a Virgem nos pede a todos pra fazermos o bem,
pois fazer um pecado mortal, perdão na alma não tem.”

“Quando corto num 9, me traz sempre a recordação,
dos nove meses passados da Divina Encarnação,
que Jesus passou no ventre da Virgem da Conceição.”

“Quando corto num 10, deste número não posso esquecer,
dos Dez Mandamentos Sagrados pra gente obedecer,
que cumprindo os Dez Mandamentos a alma nunca vai se perder.”

“Quando corto numa DAMA (Q), me lembro da Virgem Maria,
ai se não fosse ela, o que de nós seria,
que é pra todos nós a eterna mãe da alegria,
pois foi a mãe de Jesus, com muita honra e harmonia.”

“Quando corto num REI (K), ainda vem sempre na memória,
que Jesus Cristo é o Divino Rei da Glória,
que nunca mediu esforços para alcançar a vitória.”

O Sargento viu que eu tinha razão, e veio mais uma vez a me interrogar,
Para saber porque motivo, eu deixara esse VALETE (J) sem cortar.

“Doutor, o VALETE (J) é uma carta ruim,
que eu nunca vi tão ruim assim,
que todo baralho que eu compro, no VALETE eu dou logo um fim,
pois parece com aquele Sargento que na Igreja deu parte de mim.”

9 comentários:

Jana disse...

Ai a cotrario de vc, eu não gosto de natal...

Mas isos é de cada um, realente sua vó sente falta do seua avó e não tem nada que compense isso, mas vcs podem tentar né rs

Beijos

Valentina disse...

oi Re, 2008 só vai dar a gente né??
Vamos arrebentar na malhação!!!!

Anônimo disse...

Minha avó é um exemplo de mulher né.

Teve que agüentar gente chata demais nessa vida, Deus me livre de uns, hauahuuha!!!
Vai pro céus merecido e forçado...

^^

Lis Aguiar disse...

Bom dia, linda!
Tudo bem?
Fiquei emocionada com a história do seu avô.Devia ser uma pessoa fantástica!
Menina, apesar de ser do Rio eu conheço o Pátio Savassi,tomei um sorvetão de jabuticaba maravilhoso lá...kkk,e enchi a "pança" lá no Dona Conceição (outros tempos, claro!!!!) E esse Itaú, é aquele que fica em Contagem?
Eu tenho um afilhado e algumas amigas que moram em BH, tem alguns lugares que eu conheci.
Vamos nos adicionar no MSN?
Beijos!!!

Anônimo disse...

nossa que post lindo...
saudade é realmente uma coisa muito chata... natal era a festividade preferida da minha mãe...quanta saudade...
bjim
*becca*

Lis Aguiar disse...

Estou no orkut, meu perfil é Lis Aguiar também. Tem uma foto com umas flores.
Beijo!

Anônimo disse...

Oie!!!

Adorei receber sua visita, conhecer seu cantinho e te conhecer!!!
Realmente temos muito em comum e com muita força e fé logo logo teremos o mesmo caso de sucesso né?!!!!!

Milll beijos e vou te adicionar nos meus amigos.

Anônimo disse...

primeira vez aqui no seu blog!!
olha, eu sei bem o que se passa na cabeça da sua vó e esse seu sentimento de impotencia
meu pai faleceu a tres anos exatamente, depois disso, minha mae que era uma super mulher, divertida, alegre, jovem, apesar de ser cinquentona, mas depois da morte dele ela mudou completamente, ficou ranzinza, mal humorada e envelheceu uns 15 anos
foram casados por 25 anos, fora o namoro, e cria-se laços muito fortes que sao rompidos pela vida
mas eu ainda tenho a esperança de que isso passe, nao gosto de ver ela sozinha, mesmo rodeada de pessoas, pq a solidao eh algo que esta dentro de nós, nao exatamente na quantidade de pessoas que nos cerca
bom, jah falei demais
beijao pra ti
http://emagrecimentoesaude.zip.net/

uiaaaaaaa disse...

Olá, adorei sua visitinha. Linkei o seu blog ok?! Tb adoro Natal, sempre tive ótimas lembranças desta data! Só que este Natal vai ser um pouquinho diferente, vou ter que fechar a boca, hehe. Bjos :)